Há milhares de inscrições rupestres no Brasil, entre pinturas sobre pedras e gravuras, em baixo-relevos incisos nos rochedos. Dentre tantas, Pedra do Ingá, célebre rochedo com inscrições do riacho Bacamarte, na Paraíba, em especial, é sem dúvidas a mais profusa, complexa e esmera que se têm notícias. Todavia, ainda não existe um consenso científico sobre a real antiguidade deste monumento rupestre ou quem poderia ter sido seus autores. Uma vez que não se registra nenhum parâmetro cultural entre os indígenas contatados pelos colonizadores lusitanos e aqueles esdrúxulos registros pétreos que decoram as paredes do lajedo do riacho Bacamarte.
É de conhecimento geral que na região da Serra da Capivara, no Piauí, a pesquisadora Niède Guidon descobriu vestígios da presença humana de, no mínimo, 50.000 anos. Sua descoberta já foi devidamente reconhecida nos meios científicos e comprovam que o homem vive no nordeste brasileiro desde pelo menos cinqüenta milênios.
Por isso, é ingênuo imaginar que os povos encontrados por Cabral em 1.500 eram sempre os mesmos que habitaram o território nesses longos cinqüenta mil anos – veja bem, não estou me referindo às etnias, mas a culturas. Quando da chegada dos europeus ao continente, as tribos e nações indígenas estavam em constantes conflitos (a História do Brasil registra isso através de inúmeros documentos coloniais), principalmente porque os indígenas de etnia tupi se encontravam em expansão territorial. Já dominavam toda a costa brasileira e estavam se estendendo para o interior, enquanto os indígenas de etnia Gê reduziam em população e, cada vez mais, perdiam território. Esse foi o cenário encontrado pelos portugueses.
Portanto, se a “descoberta” tivesse se dado em outro período, anterior ou posterior aquele registrado, a História teria sido outra. Estaríamos hoje falando de outras populações, outros parâmetros culturais. Levando-se em conta a dinâmica de sobreposições de culturas, talvez quinhentos anos antes da chegada dos europeus outros povos teriam seus domínios. Ou se o episódio da conquista tivesse se dado quinhentos anos depois, talvez muitos grupos já tivessem sucumbido ao poderio bélico dos tupi. A propósito, o padre Fernão Cardim registra nos primeiros decênios de 1.500 que no território onde hoje é domínio político da federação da Paraíba havia um grupo indígena, denominado Vietã, que já se encontrava em franco declínio demográfico. Sem dúvidas este grupo se extinguiu rapidamente, pois o relato de Cardim é o único testamento da existência deste grupo indígena paraibano.
Quantas outras culturas, mais adiantadas ou mais primitivas, viveram nos diversos períodos de nossa milenar pré-história e foram extintas ou aculturadas por novas levas migratórias ou fenômenos diversos?
O tempo não reflete, necessariamente, o grau de desenvolvimento das populações. Podemos tomar de exemplo à prestigiosa sociedade egípcia, que viveu um apogeu civilizatório impressionante há cinco mil anos e, com o tempo, ao invés de evoluir, regrediu. Até o ponto de suas faraônicas construções tornarem-se ruínas sem que nenhum dos habitantes do Egito pudesse esclarecer sobre a origem daquelas suntuosas construções. Para que se possa ter uma idéia, se não fosse o estudioso Chapollion, a Pedra de Roseta e a sobrevivência do dialeto grego, ainda hoje não saberíamos o que representavam aquelas construções ou quem foram seus executores. Seria tão ignoto quanto a Pedra do Ingá o é.
A sociedade que burilou na pedra as inscrições do Ingá, e suas fac-símiles existentes por todo o território do Nordeste, segundo estas perspectivas teóricas, seria alguma das muitas civilizações que, num período remoto, tiveram seu florescimento, apogeu, declínio e extinção num dado período da extensa pré-história de nosso Nordeste, cujos parâmetros culturais perderam-se na bruma dos tempos idos.
Isso explicaria o fato dos indígenas do período colonial, quando questionados, não saberem responder sobre a origem ou significado destas curiosas inscrições em rochedos existentes por quase todo o país.
A Pedra do Ingá talvez seja o mais sofisticado expoente de inscrição incisa em rocha, já feito na pré-história ameríndia. Certamente, se o historiador grego, Heródoto, a tivesse vislumbrado, lhe incluiria entre as grandes Maravilhas do Mundo Antigo. Tamanho o impacto deste monumento de inscrições, que talvez represente o grau mais evoluído de esmero e profusão deste gênero de manifestação parietal.
É de conhecimento geral que na região da Serra da Capivara, no Piauí, a pesquisadora Niède Guidon descobriu vestígios da presença humana de, no mínimo, 50.000 anos. Sua descoberta já foi devidamente reconhecida nos meios científicos e comprovam que o homem vive no nordeste brasileiro desde pelo menos cinqüenta milênios.
Por isso, é ingênuo imaginar que os povos encontrados por Cabral em 1.500 eram sempre os mesmos que habitaram o território nesses longos cinqüenta mil anos – veja bem, não estou me referindo às etnias, mas a culturas. Quando da chegada dos europeus ao continente, as tribos e nações indígenas estavam em constantes conflitos (a História do Brasil registra isso através de inúmeros documentos coloniais), principalmente porque os indígenas de etnia tupi se encontravam em expansão territorial. Já dominavam toda a costa brasileira e estavam se estendendo para o interior, enquanto os indígenas de etnia Gê reduziam em população e, cada vez mais, perdiam território. Esse foi o cenário encontrado pelos portugueses.
Portanto, se a “descoberta” tivesse se dado em outro período, anterior ou posterior aquele registrado, a História teria sido outra. Estaríamos hoje falando de outras populações, outros parâmetros culturais. Levando-se em conta a dinâmica de sobreposições de culturas, talvez quinhentos anos antes da chegada dos europeus outros povos teriam seus domínios. Ou se o episódio da conquista tivesse se dado quinhentos anos depois, talvez muitos grupos já tivessem sucumbido ao poderio bélico dos tupi. A propósito, o padre Fernão Cardim registra nos primeiros decênios de 1.500 que no território onde hoje é domínio político da federação da Paraíba havia um grupo indígena, denominado Vietã, que já se encontrava em franco declínio demográfico. Sem dúvidas este grupo se extinguiu rapidamente, pois o relato de Cardim é o único testamento da existência deste grupo indígena paraibano.
Quantas outras culturas, mais adiantadas ou mais primitivas, viveram nos diversos períodos de nossa milenar pré-história e foram extintas ou aculturadas por novas levas migratórias ou fenômenos diversos?
O tempo não reflete, necessariamente, o grau de desenvolvimento das populações. Podemos tomar de exemplo à prestigiosa sociedade egípcia, que viveu um apogeu civilizatório impressionante há cinco mil anos e, com o tempo, ao invés de evoluir, regrediu. Até o ponto de suas faraônicas construções tornarem-se ruínas sem que nenhum dos habitantes do Egito pudesse esclarecer sobre a origem daquelas suntuosas construções. Para que se possa ter uma idéia, se não fosse o estudioso Chapollion, a Pedra de Roseta e a sobrevivência do dialeto grego, ainda hoje não saberíamos o que representavam aquelas construções ou quem foram seus executores. Seria tão ignoto quanto a Pedra do Ingá o é.
A sociedade que burilou na pedra as inscrições do Ingá, e suas fac-símiles existentes por todo o território do Nordeste, segundo estas perspectivas teóricas, seria alguma das muitas civilizações que, num período remoto, tiveram seu florescimento, apogeu, declínio e extinção num dado período da extensa pré-história de nosso Nordeste, cujos parâmetros culturais perderam-se na bruma dos tempos idos.
Isso explicaria o fato dos indígenas do período colonial, quando questionados, não saberem responder sobre a origem ou significado destas curiosas inscrições em rochedos existentes por quase todo o país.
A Pedra do Ingá talvez seja o mais sofisticado expoente de inscrição incisa em rocha, já feito na pré-história ameríndia. Certamente, se o historiador grego, Heródoto, a tivesse vislumbrado, lhe incluiria entre as grandes Maravilhas do Mundo Antigo. Tamanho o impacto deste monumento de inscrições, que talvez represente o grau mais evoluído de esmero e profusão deste gênero de manifestação parietal.
Contribuição do Historiador – vanderleydebrito@gmail.com
3 comentários:
Grande Rui, vc. faz merece o nome que carrega. Parabens, continue, é disso que precisamos, de informação, historia. Coloquei um atalho no meu Blog para que todo ingaense conheça sua obra.
abraços
vavadaluz
Obrigado Vava da Luz pelo seu comentário. Vc é o cara!
olá meu nome é janaina moro em picui paraiba e terminei meus estudos para fazer arqueologia e fiquei imprecionada com a descoberta de ingá ,bom aqui em minha cidade tem tipo uma caverna com escrições indígenas de origem talvez ingá e, o que assemelha é que eles só fixavam onde havia muita água o mesmo essa caverna fica em uma cachoeira localizada em um açude da nossa localidade, um amigo meu descobriu e estou louca para conhecer pois ainda não tinha sido encontrada gosto muito de arqueologia acho que já faz parte da minha vida ,qualquer coisa te informo obrigada e até breve.
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