sábado, 20 de dezembro de 2008

Estação Ferroviária de Ingá


O marasmo presente na Vila do Ingá foi rompido no inicio do século XX com um novo período de desenvolvimento da cultura algodoeira que durará com momentos de altos e baixos até a década de 40.
Porque a Vila do Ingá havia permanecido tanto tempo nesse passo lento?
Nas ultimas décadas do século XIX, a produção algodoeira do Agreste e do Sertão entrou em decadência. Nada de vender para o exterior! Afinal, como concorrer com o algodão de outras regiões que tinha preço menor? A esses, o filé do mercado internacional pago em libras esterlinas!
O Nordeste continuou a plantar algodão, só que em quantidade bem menor para atender o mercado interno. Nessa época, a Inglaterra não tinha mais interesse apenas em importar matéria-prima e exportar tecidos. Agora, com o desenvolvimento do seu parque industrial, era bem mais lucrativa para os capitalista ingleses exportar mercadorias mais valorizadas, como dinheiro, maquinas e serviços!
Assim, aproveitando as condições propícias no Brasil – o aumento populacional, crise no mercado de trabalho com o fim iminente da escravidão, a transição para uma economia monetarizada e os interesses da classe dominante brasileira, enriquecida com o café – a burguesia inglesa passou a incentivar a “modernização” do país.
Como? Emprestando capital para a construção de ferrovias e portos, para a instalação de serviços públicos como a rede de eletricificação e, principalmente, a implantação de um parque fabril. Que parque fabril? Têxtil, é claro! Com que dequipamentos, já que aqui não havia fábricas de maquinas? Ora, com equipamentos importados da Inglaterra. Esses equipamentos estavam “meio Ultrapassados por lá” “meio fora de moda”, mas para quem não tinha nada parecia um ótimo negócio. Principalmente se os próprios ingleses emprestavam o dinheiro para comprá-los (é óbvio, também que asa condições desse empréstimo eram “um pouco” desfavoráveis, mas não havia problema, se não desse para pagar era só “rolar” a divida e pagar juros sobre juros!)
No entanto, havia um outro problema. Onde se iria comprar o algodão para fazer as fábricas funcionarem, já que o de boa qualidade era exportado? Ah! Havia o Nordeste que plantava um algodão (que podia ser comprado bem baratinho) que serviria muito bem para fazer funcionar as velhas maquinas vindas da Inglaterra.
No Nordeste foram, aos poucos, se instalando pequena fábricas têxteis (a primeira em 1870, em Pernambuco), o que concorreu fortemente para o crescimento de suas cidades e vilas. Por volta de 1900, o setor têxtil estava muito estimulado, gerando empregos e fazendo aumentar a produção tanto na agricultura quanto no comércio. Em 1905, o Nordeste possuía 47 fábricas de tecidos e fiação de algodão, sem contar as unidades de beneficiamento difundidas pelo interior. Até a década de 30, esse setor foi principal comprador de algodão.
A construção das ferrovias nessa área facilitaria muito as coisas principalmente para os plantadores de algodão.
Afinal , para que servia o caminho de ferro? Para escoar a produção e, principalmente, para aplicar os recursos vindos da Inglaterra. No Brasil , as primeiras ferrovias foram construídas ainda na segunda metade do século XIX, sempre ligando áreas produtoras de culturas de exportação aos portos. Foi assim no Sul, foi assim no Nordeste.
Em 1871, foi assinado o primeiro decreto do Governo Nacional autorizando a incorporação de companhia para construir uma estrada de ferro na Paraíba, ligando a capital a Alagoa Grande, com ramificações para Ingá e Guarabira. Alguns anos depois foi constituída a “The Conde D’Eu Railway Company Limited” (até o nome era ingês e o Conde Francês!) com base em uma série de benefícios concedidos pelo Estado. Em 1880, deu-se início a construção da estrada de ferro Conde D’Eu nos trecos entre a Capital, Guarabira e Pilar. Só em 1907, quando a empresa já havia resgatada pelo governo Federal, iniciou-se o treco da Ferrovia de Itabaiana a Campina Grande – o caminho do algodão – passando pelo Ingá ( estação local foi inaugurada em 1909), sendo a linha arrendada a Great Western.
Ao mesmo tempo em que se construíam as vias necessárias ao escoamento, o governo local baixava medidas incentivando o aumento e a melhoria da produção algodoeira e a instalação de fabricas têxteis. São criados prêmios para os agricultores que adotassem processo moderno de colheita e descaroçamento e promovidos incentivos, através da Carteira de Crédito Agrícola, que isentavam de impostos as empresas que montassem usinas de beneficiamento e alta prensagem de algodão.
A resposta é rápida. A partir de 1916, diante da conjuntura favorável da I Guerra Mundial, são fundadas várias prensas e usinas de descaroçamento em Cabedelo, Campina Grande, Santa Luzia, Sapé, e na Capital. No agreste, o município do Ingá produzia em larga escala, principalmente devido a atuação do estrado ( no Governo Epitácio Pessoa) que através do INFOCS (Instituto Federal de Obras contra as Secas) promoveu a construção de açudes e barragens, o que assegurava a mínima condição de vida para a população rural, ao mesmo tempo em que ampliava e melhorava a infra-estrutura produtiva local, beneficiando, principalmente, o patrimônio privado. Assim, entre 1922/23, foi construída a estrada de rodagem Itabaiana, Ingá, Campina Grande; em 1925, foi inaugurada a luz da sede municipal e em 1926, a da Vila de Serra Redonda.
As obras da Estação de Ingá foram concluídas em 1907. Possui volumetria singela arrematada por coberta aparente em telha cerâmica canal em duas águas, com cumeeira central disposta no sentido longitudinal.
O beiral da fachada maior da Estação avança além da alvenaria para fins abrigar os passageiros, configurando plataformas de embarques e desembarques suspensas por mãos francesas em madeira.
A construção compreende 91 m2 de área coberta abrigando bilheteria , residência do agente e um depósito, além de uma “casinha” – banheiro separado com 2.3 m3 . O comprimento total da plataforma é de 15 metros.
A Estação fica localizada a 2 km do centro de Ingá e a 7 km da parada das itacoatiaras de Ingá – Sitio Arqueológico. A Estação encontra-se distante 22 km da Estação de Galante.
O COMÉRCIO, outrora considerável, efetuava transações com as praças de Campina Grande, João Pessoa e Recife, muitas vezes. Sua estação fica próximo ao núcleo habitacional da cidade de Ingá foi criada em 10 de abril de 1940.
O município, outrora servido pela “Great Western Railway Company Limited” ainda guarda, na luta contra o tempo, o testemunho de uma época de movimentação econômica e social, tão representativa para todas as cidades interioranas da Paraíba, cortada pelos trilhos da antiga Conde D`Eu, atualmente usada pela concessionária CFN, encampada pela RFFSA.

Um comentário:

Anônimo disse...

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